Estágio atual dos produtos para montagem das salas limpas

5 de março de 2021In ArtigosBy Laticrete Solepoxy

Existe um consenso entre os técnicos do setor de áreas limpas de que o Brasil é um dos países de ponta quanto ao projeto e construção destes ambientes. A maior prova disso é que as grandes obras da indústria farmacêutica – ainda de longe a maior usuária de salas limpas – invariavelmente se valem de empresas nacionais para projetar e instalar esses ambientes. E, como ponto decisivo, essas indústrias são certificadas por suas matrizes e por institutos americanos e europeus, visto que muitas vezes parte da produção é delas, são voltadas ao comércio exterior.

Nesse contexto, os produtos e acessórios destinados à construção desses ambientes, como é o caso de portas, divisórias, câmaras de passagem ( pass-throughs ), tetos e pisos, também devem acompanhar essa excelência. E os fabricantes brasileiros têm conseguido atender de forma adequada a demanda. “Não poderia ser diferente. As indústrias clientes têm atuação global e os produtos para a construção de áreas limpas devem oferecer qualidade compatível com os requisitos estabelecidos pelos padrões internacionais”, diz Raul Sadir, diretor de Relações Públicas da SBCC.

Mesmo com a qualidade global, existem certas divergências na avaliação do momento atual. Davison Rabecchi, diretor da TEP Engenharia, acredita que todos os componentes de áreas limpas tem evoluído continuamente quanto à resistência mecânica e química e também quanto a produtividade na montagem, apesar de que nesse item ainda haver espaço importante para evolução, principalmente para reduzir o tempo e o uso da planta do cliente na etapa de montagem. Já na visão de Eduardo Rein, da Reintech, entre 2002 e 2005, observaram-se poucas evoluções. ” Só a partir do ano passado houve uma evolução maior com a utilização dos mesmos materiais de base, porém com características construtivas diferenciadas. Temos no país conceito e tecnologia em fabricação e montagem, porém ainda nos faltam sub fornecedores ( chapas de aço com revestimento vinílicos e bactericidas, como exemplo colméia, entre outros ) que nos permitam um salto mais expressivo. Estou falando de desenvolvimento de matérias-primas, e nesse ponto o problema é indisponibilidade de algumas delas, em função dos custos de investimento para pesquisa. Mas não tenho dúvidas que temos conhecimento técnico e capacidade criativa para suprir rapidamente essa lacuna”, diz Rein.

Pontos Decisivos

Partindo do pressuposto de que as eficiências dos filtros utilizados em salas limpas chegam a 99,99% para partículas de 0,3 mícron, o modo construtivo, os materiais de construção empregados na obra, além das pessoas circulantes, dos processos e de procedimentos internos, são fatores responsáveis de redução da contaminação interna às salas limpas.

“Portanto, os componentes e o modo construtivo são pontos decisivos na obtenção dos parâmetros de limpeza estipulados no projeto”, analisa Eduardo Rein. Segundo ele, quando se trata da indústria farmacêutica, a qualidade deverá ser mantida dentro das classes estipuladas pela norma ISO. O conceito GMP ou conceito do limpo deve ser mantido, independente da classe de limpeza, portanto, o modo construtivo tem poucas alterações. As grandes alterações se referem ao processo produtivo, que incorporam técnica de controle de contaminação diversas. ” Entretanto, quando se fala da indústria micro-eletrônica e espacial, os materiais construtivos terão sua rigorosidade aumentada em maneira proporcional com a necessidade da limpeza”.

Davison José Rabecchi afirma que quando se trata de uma sala limpa seus componentes devem ser concebidos dentro de um projeto característico para o tipo de área. ” Por exemplo, quando se trabalha em um ambiente de biossegurança, no qual agentes patogênicos ( bactérias, vírus, entre outros ) são manipulados, é condição essencial que o ar interno a este ambiente não saia para os ambientes adjacentes. Para tanto, o projeto da obra deve minimizar a possibilidade de risco de extravasamento do ar. Nesse caso, as frestas entre batentes e portas deverão ser mínimas, com o sistema de vedação, utilizando perfis de silicone e muitas vezes dispositivos infláveis através de ar comprimido, o que garante total estanqueidade. O perfil para a porta e o batente também pode ter duplo sistema de vedação”.

Ele lembra também outros pontos na avaliação dos produtos para áreas limpas, como a interface entre o piso e a porta, pois a falta de planicidade do piso permite uma fuga alta por esta fresta. ” Este é um dos exemplos de materiais que também se aplica a pass- throughs. Já os tetos são componentes que podem ter características de resistências mecânicas diferenciadas, principalmente quando atuam como piso técnico, no qual o sistema de junção entre as placas deve atender a carga viva, como por exemplo, um técnico caminhando por cima dele”, explica.

Jean Pierre Herlin, diretor da SBCC, comenta ainda sobre o desenvolvimento de painéis com miolo de lã-de-rocha. ” Nesse caso, há uma preocupação em atender aos requisitos exigidos pelas seguradoras em relação ao uso de materiais incombustíveis”, diz. Algumas empresas já apresentaram painéis com lã de rocha, com uma estruturação interior feita com perfis tubulares e alumínio estrudado. Davison, da TEP, finaliza informando que além da preocupação com o uso de miolos de lã de rocha, é importante também avaliar as técnicas de encaixe de dois painéis. ” O sistema de encaixe deve impedir ou retardar que a possível chama transpasse de um ambiente para outro”.

O debate é amplo e instigante, mas o importante é que o conjunto de produtos compostos por portas, divisórias, câmaras de passagem, tetos e pisos garantam os níveis de isolamento térmico e acústico desejado pelo cliente e definido no projeto.

Acompanhe informações de empresas que atuam na fabricação sobre seus produtos e soluções em arquitetura e acessórios para atender o cliente final.

SOLEPOXY

A Solepoxy informa que a cultura de pisos resinados no Brasil tem aproximadamente 25 anos. Entre as características, os pisos devem apresentar alta resistência à compressão, à abrasão e à química, inexistência de emendas ou juntas, rodapé meia cana integrado ao piso ( sem emendas ), fácil limpeza e manutenção, melhora na iluminação do ambiente ( maior reflexão de luz ), maior aderência no substrato e menor índice de contração física.

A empresa tem sistemas diversos para cada tipo de solicitação ( mecânica, química, térmica e outras ). Normalmente a Solepoxy atua com sistema a base de resina epóxi, além da linha de pintura e revestimentos a base de resinas poliuretânicas, éster vinílicas e metacrílicas. Vão desde pinturas com espessura de 300 micras, até revestimentos de alto desempenho com espessura máxima de 6 mm.

O produto “top de linha” utilizado em salas limpas possui acabamento de cristais de quartzo colorido policromático e é selado por resinas translúcidas de alta transparência. Esse acabamento é o que define a textura do piso, e atende áreas com exigências de classificação de 100 ppm. É também um piso de alta resistência a abrasão.

Outra solução apresentada pela empresa é um piso, composto com micro esferas de vidro, o que confere altíssima resistência à abrasão ( não risca ) além de elevada resistência química.

Alexis Joseph Steverlynck Fonteyne
Vice-presidente da ANAPRE
Diretor da Solepoxy / Propiso